Partindo de uma noção de utilidade antropocêntrica, o conceito de serviços ecossistêmicos diz que quando o ser humano utiliza de forma direta ou indireta os benefícios fornecidos pela natureza, está se beneficiando dos serviços ecossistêmicos.
Tais benefícios podem ser mais evidentes, como comida, água, madeira, algodão, matérias primas para medicamentos, ou não tão evidentes, como o sequestro e armazenamento de carbono, manutenção do clima local e global, fornecimento de chuvas para outras regiões distantes, dentre vários outros.
Os serviços ecossistêmicos são divididos em 4 categorias:
Serviços de provisão – são os materiais que os ecossistemas nos fornecem, como alimentos, água, recursos medicinais e matérias-primas com diversos usos para a sociedade.
Serviços de regulação – são os serviços fornecidos por ecossistemas ao agir como reguladores do meio ambiente, como a regulação da qualidade do ar e do clima, purificação das águas, polinização, prevenção de erosões, manutenção da fertilidade do solo, controle de enchentes e outros desastres naturais, controle biológico de pragas e doenças.
Serviços de habitat ou suporte – são os que pelo simples fato de se ter um habitat preservado garantem a presença de espécies animais e vegetais, sustentam quase todos os serviços ecossistêmicos, além da preservação do material genético.
Serviços culturais – incluem os benefícios não materiais dos ecossistemas, como apreciação estética, recreação, ecoturismo, benefícios espirituais e saúde mental.
Abaixo estão citados exemplos de serviços ecossistêmicos:
Alguns animais predadores ou parasitas presentes em áreas naturais preservadas próximas a áreas agrícolas se alimentam de pragas de lavouras, ajudando no controle populacional destas e favorecendo o aumento da produtividade da lavoura.
A polinização realizada por muitas espécies como insetos, pássaros e morcegos, favorece a manutenção da produtividade agrícola. Várias espécies de culturas de alimentos dependem da polinização animal, como café e cacau.
O plantio e aumento de áreas verdes em grandes cidades melhoram a qualidade do ar, reduzem a temperatura local e ainda proporcionam oportunidades de recreação.
O manejo de pastagens, feito através do plantio conjunto de gramíneas, arbustos e árvores, proporciona um ambiente mais equilibrado, evita erosão do solo e ainda permite que o gado permaneça na mesma área, reduzindo a pressão sobre florestas vizinhas.
Nas regiões costeiras do norte do Vietnã, onde mais de 70% da população está vulnerável a desastres naturais, comunidades locais plantaram e protegeram os manguezais como uma solução com maior custo-benefício do que a construção e manutenção de barreiras artificiais. Um investimento de US$ 1,1 milhão poupou estimados US$ 7,3 milhões ao ano em manutenção de diques marítimos. Trecho retirado do livro The Economics of Ecosystems and Biodiversity for Local and Regional Policy Makers, 2010.
Diante dos exemplos citados acima e da importância dos serviços ecossistêmicos, tanto financeira quanto para o bem-estar da humanidade, esteja ela em meio urbano ou rural, torna-se cada vez mais necessário que governos, empresas, agricultores, assimilem e apliquem tais conceitos em prol da sociedade e também para a criação de ecossistemas mais robustos e equilibrados.
Danilo Vieira, biólogo, professor, mestre em Ecologia de Biomas Tropicais e consultor ambiental na Vellozia Estratégia e Consultoria Ambiental.
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