Postagem publicada originalmente em 2018 no nosso antigo blog.
Segundo eles, as mudanças na forma como é feito o licenciamento ambiental, redução de áreas protegidas, suspensão da ratificação de terras indígenas e flexibilização da regularização da questão fundiária veem causando aumento no desmatamento florestal de tal forma que as metas definidas pelo acordo tornem-se inatingíveis no prazo determinado.
O Brasil vinha numa trajetória de redução do desmatamento desde 2012, o que após o Novo Código Florestal vem se invertendo. O governo com essa nova postura de política ambiental vem sinalizando aos “desmatadores” que o país apoia esse tipo de prática. A ampla anistia concedida àqueles que desmataram áreas protegidas até 2008 é uma das ações que corroboram esse ponto de vista.
O Acordo do Clima prevê a redução na emissão dos gases-estufa, entre eles o CO2, para reduzir o aquecimento global até o fim deste século. A principal fonte de emissão de CO2 em nosso país é o desmatamento, por isso essa preocupação com a legislação que prevê sua proteção. Se o Brasil seguir esse ritmo de desmatamento na Amazônia e no Cerrado, a compensação que outros setores do país terão de realizar pode chegar a casa dos 2 trilhões de dólares.
Como se não bastassem todas essas questões, o país ainda enfrenta forte crise econômica que levou o país a reduzir os recursos do Ministério do Meio Ambiente, dificultando a fiscalização e o combate ao desmatamento. Isso, de forma indireta, serve de incentivo a essa prática, uma vez que aquele que desmata tem sensação de impunidade.
Outra atitude que desagradou quem acompanha de perto a questão foi o governo prorrogar, mais uma vez, a data limite para inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Esse cadastro permitirá ao governo identificar as áreas de vegetação nativa e áreas protegidas que os proprietários de terra têm no país.
Uma pena ver que o Brasil decepciona em mais um quesito de responsabilidade do governo. O Brasil sempre foi elogiado por sua participação e contribuições nas discussões ambientais, além de ter uma das melhores legislações ambientais do mundo. Mesmo assim, não consegue cumprir aquilo que se propõe a fazer junto à comunidade internacional e ao povo brasileiro. Desejamos que a situação mude após as eleições, que a crise política cesse e que o meio ambiente não precise continuar sendo moeda de troca para o governo.
Diego D. Dias, biólogo, mestre em ecologia de biomas tropicais e consultor ambiental na Vellozia Estratégia e Consultoria Ambiental.
Diego D. Dias, biólogo, mestre em ecologia de biomas tropicais e consultor ambiental na Vellozia Estratégia e Consultoria Ambiental.
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