A preocupação com a recuperação de áreas degradadas está ganhando cada vez mais destaque e importância em todo o mundo. As nações, empresas e populações estão conscientes da necessidade de se preservar o ambiente natural e de recuperar o que já foi devastado, como abordamos isso em outros posts aqui do blog. Seja por questões meramente econômicas, de autopreservação, altruístas ou de saúde, o fato é que ninguém mais pode ignorar esses temas.
Isso vem causando avanços na legislação ambiental em todo o mundo, sendo praticamente inconcebível que alguma nação membro das Nações Unidas não tome providências no que diz respeito ao fato. O Brasil não é diferente nesse quesito e tem uma das melhores legislações ambientais do mundo. Seu grande desafio é aplicar essa legislação de forma eficiente e íntegra, dado que o nosso país não é conhecido pela honestidade de suas instituições.
Além da questão legal, um tema que vem sendo muito discutido em todo o mundo é a qualidade dos projetos de gestão ambiental, dado que é comum que os empreendimentos apresentem estudos e projetos para atenderem a legislação e obterem licenças, mas que do ponto de vista ecológico/científico, são considerados ruins. Dessa forma, esses projetos atendem ao ponto de vista legal mas não alcançam seu objetivo inicial: a preservação do meio ambiente (abordamos isso em outro post relacionado ao monitoramento de fauna por mineradoras no Quadrilátero Ferrífero-MG).
Dentro desse contexto, vou apresentar para vocês uma ferramenta fundamental para a execução com qualidade de estudos de levantamento de flora e de projetos de restauração de áreas degradadas, que é a Fitossociologia.
“A Fitossociologia estuda as agrupações de plantas, suas interações e sua dependência frente ao meio ambiente vivo e animado” (BRAUN-BLANQUET, 1979). Ela difere do simples levantamento de espécies no sentido de que uma lista com as espécies presentes na área oferecem pouquíssimas informações para quem pretende fazer um correto manejo da flora, avaliar a “saúde” de algum fragmento florestal ou recuperar determinada área. Vale ressaltar que os critérios para a realização do inventário florístico é determinado pela legislação e pode variar conforme exigido pelo órgão ambiental correspondente.
Basicamente, podemos dizer que os inventários florestais costumam ser de natureza quantitativos, o que apesar de não deixar de ser importante, é muito pouco para gerir um projeto. É aí que entra a fitossociologia, que tem um caráter mais qualitativo. Com essas informações das relações, composição, distribuição, dominância e cobertura, temos uma melhor visualização e compreensão daquele ambiente. Dessa forma, podemos comparar com outros fragmentos, acompanhar o desenvolvimento de projetos de recuperação ambiental, tomar decisões rapidamente e com maiores chances de acertos.
Essa foi uma introdução à fitossociologia e sua importância para o sucesso de projetos ambientais. No próximo post, mostrarei os principais parâmetros utilizados em estudos fitossociológicos. Até a próxima!
Diego D. Dias, biólogo, mestre em ecologia de biomas tropicais e consultor ambiental na Vellozia Estratégia e Consultoria Ambiental.
Bibliografia: BRAUN-BLANQUET, J. Fitosociología. Bases para el estudio de comunidades vegetales. p. 820, 1979.
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