Agricultura: sistema convencional e o sistema agroecológico.


Os sistema convencional de produção de alimentos em larga escala, na maioria das vezes, não é compatível com um modelo sustentável/agroecológico e tende a se tornar improdutivo no futuro. O seu uso ainda é pautado no argumento de que ele é necessário para atender à crescente população mundial. As práticas que vão desde o uso de toneladas de agrotóxicos, fertilizantes inorgânicos, plantas híbridas ou transgênicas, aragem, irrigação, dentre outras, conseguem entregar uma produção alta que trazem lucros para o produtor rural, mas gerando um alto custo para meio ambiente e também para nossa saúde. Apesar de serem práticas que podem trazer certas vantagens, também geram várias desvantagens, como por exemplo:
  • Sementes híbridas exigem condições ótimas para alcançar todo seu potencial, assim precisam de mais fertilizantes sintéticos e mais pesticidas para um melhor desenvolvimento.
  • Plantas transgênicas podem exigir mais agrotóxicos e causar impacto na biodiversidade ao contaminar lavouras convencionais cultivadas a milênios.
  • A aragem causa diminuição da matéria orgânica pela falta de cobertura vegetal e potencializa a lixiviação do solo.
  • Os fertilizantes inorgânicos podem ser transportados pelas chuvas ou irrigação até lagos e rios causando eutrofização.
  • Os agrotóxicos podem eliminar os inimigos naturais das pragas e também ajudar a selecionar pragas cada vez mais resistentes, fora os males causados à nossa saúde.
  • A irrigação pode aumentar o grau de erosão dos solos, transportar os fertilizantes utilizados até os rios, afetar os padrões de regime de chuvas pela retirada de águas do subsolo.
A agricultura convencional não é uma forma sustentável de produção de biomassa. Por isso aplicar os conceitos ecológicos é essencial para um agrossistema sustentável. O maior desafio do sistema agroecológico (agroecossistema) é conseguir não degradar o meio natural (manter as características de um ecossistema natural) e ao mesmo tempo manter uma produção de alto rendimento para o produtor rural. Para usufruir desse tipo de sistema, a entrada e insumos externos deve ser mínima. No lugar de produtos químicos e sintéticos como fertilizantes e agrotóxicos, usa-se adubos orgânicos e utiliza-se o controle biológico de pragas; policultura e intercalamento de espécies no lugar de monocultura; uso de plantas que se associam a bactérias (bacteriorrizas) e fungos (micorrizas), que capturam nutrientes importantes para o solo como nitrogênio e fósforo, respectivamente. Manter o entorno da área de cultivo bem preservado também é essencial, pois a manutenção da riqueza biológica de todo o ecossistema possibilita a existência de serviços ecossistêmicos importantes como polinização e o controle natural de pragas.
Portanto, quando o agroecossistema é implantado em um determinado ambiente, mesmo que modificado, ele consegue incorporar as qualidades de um ecossistema natural como resistência a perturbações e estabilidade, ou seja, consegue manter o equilíbrio ambiental ao mesmo tempo que desenvolve uma agricultura ambientalmente sustentável e produtiva.
Danilo Vieira, biólogo, professor, mestre em Ecologia de Biomas Tropicais e consultor ambiental na Vellozia Estratégia e Consultoria Ambiental.

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